segunda-feira, 28 de março de 2011

RECICLAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS


Selene de Oliveira
Engenheira Agrícola - Doutora em Agronomia
Especializada em Solos e Meio Ambiente
E-mail: selene2002br@yahoo.com.br
Reciclagem consiste no aproveitamento de materiais inorgânicos contidos nos RSU; com
a reciclagem pode-se reduzir o consumo de energia; gerar menos poluição ambiental e visual;
diminuir a extração de recursos naturais não renováveis; reduzir (em até 20%) o volume de
rejeitos a serem destinados aos aterros sanitários ou/e lixões, aumentando a vida útil dos aterros;
e ainda contribuir para a limpeza urbana e saúde pública. Para se fazer uma melhor seleção dos
materiais recicláveis, o ideal, é a coleta seletiva, onde o material é separado na fonte geradora.
As formas de reciclagem podem ser:
diferente de sua função original. Exemplo: reutilização de embalagens de plástico filme
(sacolas plásticas).
Primária: o produto, após o uso, retorna ao ciclo para ser utilizado de uma forma secundária,
limpeza de impurezas. O custo do beneficiamento pode ser elevado dependendo do tipo de
material. Existem perdas de massa nos materiais. Exemplo: reciclagem de vidro e do plástico
rígido.
Secundária: o produto retorna ao ciclo após uma operação de beneficiamento que consiste na
processos químicos e biológicos. As perdas de massa e o custo de reprocessamento dos
materiais são elevados. Em função da complexidade das operações, a reciclagem terciária é
considerada uma forma de tratamento. Exemplo: compostagem.
Os materiais inorgânicos que mais são reaproveitáveis, no Brasil, na coleta seletiva são:
papel/papelão, plásticos, vidros e metais (ferrosos e não ferrosos).
Terciária: o produto retorna ao ciclo após passar por operações físicas (térmicas) e por
Perfil de alguns materiais recicláveis
(CEMPRE, 2008):
PAPEL ONDULADO (papel corrugado):
São embalagens que têm uma camada intermediária de papel entre suas partes
exteriores, disposta em ondulações, na forma de uma sanfona; normalmente chamado de
papelão.
Do volume total de papel ondulado consumido no mercado interno, 73% é
reciclado.
No estado de São Paulo, o preço do material está entre R$190,00 e 310,00 a
tonelada de papel ondulado prensado e limpo, (Ago/08).
Uma tonelada de apara pode evitar o corte de 10 a 12 árvores provenientes de
plantações comerciais reflorestadas. A fabricação de papel com o uso de aparas gasta 10
a 50 vezes menos água que no processo tradicional que usa celulose virgem, além de
reduzir o consumo de energia pela metade.
PAPEL DE ESCRITÓRIO:
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São papéis de carta, blocos, copiadoras, impressoras, revistas e folhetos. Os
papéis para fins sanitários (toalhas e higiênicos) e também papéis vegetais, carbono,
plastificados e metálicos não são encaminhados para reciclagem.
Do volume total de papel consumido no mercado interno, 38% é reciclado.
No estado de São Paulo, o preço do material está entre R$180,00 e 530,00 a
tonelada de papel prensado e limpo, (Ago/08).
As aplicações para o papel/papelão reciclado são as mais variadas:
Caixa de papelão, sacolas, embalagens de ovos, bandeja para frutas, papel
higiênico, cadernos e livros, material de escritório, envelopes, papel para impressão,
entre outros.
PLÁSTICOS
- Código internacional da reciclagem :
(1)
PET = polietileno tereftalato;
(2)
PEAD = polietileno de alta densidade;
(3)
PVC = policloreto de vinila;
(4)
PEBD = polietileno de baixa densidade;
(5)
PP = polipropileno;
(6)
PS = poliestireno;
(7)
PLÁSTICO FILME (PEBD = polietileno de baixa densidade):
É uma película plástica usada na fabricação de sacolas plásticas, sacos de lixo,
embalagens de leite, lonas agrícolas, etc.
Do volume total de plástico consumido no mercado interno, 29% é reciclado.
No estado de São Paulo, o preço do material está entre R$450,00 e 950,00 a
tonelada de plástico prensado e limpo, (Ago/08).
PLÁSTICOS RÍGIDOS:
São vários tipos de plásticos rígidos: PEAD - consumido por fabricantes de
engradados de bebidas, baldes, tambores, autopeças e outros produtos; PVC - comum
em tubos e conexões, garrafas para água mineral e detergente líquidos; PP - que
compõe embalagens de massas e biscoitos, potes de alimentos, seringas descartáveis,
utensílios domésticos, etc. PS - utilizado na fabricação de eletrodomésticos e copos
descartáveis.
Do volume total de plástico consumido no mercado interno, 29% é reciclado.
No estado de São Paulo, o preço do material está entre R$550,00 e 850,00 a
tonelada de plástico prensado e limpo, (Ago/08).
Economia de aproximadamente 50% de energia elétrica com o uso de plásticos
rígidos e filmes reciclados.
O plástico reciclado tem infinitas aplicações, tanto nos mercados tradicionais das
resinas virgens, quanto em novos mercados. O plástico reciclado pode ser utilizado para
fabricação de: garrafas e frascos (exceto para contato direto com alimentos e farmácia),
baldes, cabides, pentes e outros artefatos produzidos pelo processo de injeção, “madeira
plástica”, cerdas de vassouras, escovas e outros produtos que sejam produzidos com
fibras, sacolas e outros tipos de filmes, painéis para a construção civil.
Outros.
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Plástico rígido: PET (polietileno tereftalato):
São garrafas de refrigerantes e de artigos de limpeza.
Do volume total de PET consumido no mercado interno, 33% é reciclado.
No estado de São Paulo, o preço do material está entre R$900,00 e 1100,00 a
tonelada de PET prensado e limpo, (Ago/08).
Economia de 70% da energia elétrica necessária para produção da resina virgem,
quando usado o PET reciclado; as aplicações do PET reciclado são: cordas e fios de
costura, carpetes, bandejas de frutas, ou mesmo novas garrafas e frascos (exceto para
contato direto com alimentos e farmácia).
LATAS DE ALUMÍNIO:
Além de reduzir os resíduos que vão para os aterros e lixões, a reciclagem desse
material proporciona significado ganho energético.
Para reciclar 1 tonelada de lata gasta-se 5% da energia elétrica necessária para
produzir a mesma quantidade (1 ton.) de alumínio pelo processo primário. Isso significa
que cada latinha reciclada economiza energia elétrica equivalente ao consumo de um
aparelho de TV durante 3 horas (economia de 95% de energia).
A reciclagem evita a extração da bauxita, o mineral beneficiado para a fabricação
da alumina, que é transformada em liga de alumínio. Cada tonelada do metal exige cinco
de minério.
Do volume total de latas de alumínio consumido no mercado interno, 85% é
reciclado.
No estado de São Paulo, o preço do material está entre R$2.800,00 e 4.230,00 a
tonelada de alumínio prensado e limpo, (Ago/08).
Obs
O alumínio é direcionado para usinas de fundição, onde a sucata é colocada em
fornos, após atingir o ponto de fusão o material é moldado em placas que serão cortadas
em forma de chapas de alumínio.
O alumínio reciclado está presente na indústria de autopeças, na fabricação de
novas embalagens, entre outros.
LATAS DE AÇO:
São produzidas com chapas metálicas (folhas-de-flandres), são compostas por
ferro e uma pequena parte de estanho (0,20% a 0,22%) ou cromo (0,007%). Podem ser
adicionados outros elementos para melhorar as características do aço, como: Al, B, Pb,
Co, Cu, Cr, S, P, Li, Mn, Ni, Si, Ti, Niobio(Nb), Tântalo(Ta), Tungstênio(W), e Valádio(V).
Do volume total de latas de aço consumido no mercado interno, 43% é reciclado.
No estado de São Paulo, o preço do material está entre R$150,00 e 400,00 a
tonelada de latas prensadas e limpas, (Ago/08).
Se o Brasil reciclasse todas as latas de aço que consome, seria possível evitar a
retirada de 900 mil toneladas de minério de ferro por ano, prolongando a vida útil de
nossas reservas minerais. Além disso, aumentaria a vida útil dos aterros sanitários e
proporcionaria economia de 240 milhões de kWh de energia elétrica, sem falar nas 45
milhões de árvores (nativas e de reflorestamento comercial) que deixariam de ser
cortadas para a produção de carvão vegetal usado como redutor do minério de ferro.
Geralmente os metais ferrosos são direcionados para as usinas de fundição, onde
a sucata é colocada em fornos de fundição elétricos ou a oxigênio, aquecidos a 1550
.: 1 kg = 67 latinhas.oC.
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Após atingir o ponto de fusão e chegar ao estado líquido, o material é moldado em
tarugos e placas metálicas, que serão cortadas na forma de chapa de aço.
A sucata demora somente um dia para ser reprocessada e transformada
novamente em lâminas de aço usadas por vários setores industriais – das montadoras de
automóveis às fábricas de latinhas de conservas.
VIDROS:
Na produção de vidro é usado em sua formulação areia, calcário, barrilha e
feldspato.
O uso de 1/3 de cacos diminui em 20% o consumo de energia pelas vidrarias.
Cerca de 42% das embalagens de vidro são recicladas. Desse total, 5% são
gerados por engarrafadores de bebidas, 10% por sucateiros, 0,06% por vidrarias e os
outros 12% restantes rejeitos de vidro das próprias fábricas.
No estado de São Paulo, o preço do vidro incolor e colorido está entre R$50,00 e
190,00 a tonelada de vidro inteiro ou em cacos, (Ago/08).
Os cacos de vidro são conduzidos para a indústria de vidro que irá utilizá-los como
matéria-prima na fabricação de novas embalagens de vidro. O material é fundido em
fornos de altas temperaturas junto à matéria prima (calcário, barrilha, feldspato, em
outros).O vidro inteiro reutilizado (ex. garrafas) é enviado para novo envase de líquidos na
indústria.
EMBALAGENS LONGA VIDA:
Composta de 75% de papel-cartão, 20% de polietileno da baixa densidade e 5% de
alumínio.
O papel, matéria prima desse tipo de embalagem, é proveniente de florestas
manejadas. Cada tonelada de embalagem cartonada reciclada gera, aproximadamente, 680
kg de papel Kraft, economizando o corte de 21 árvores cultivadas em áreas de
reflorestamento comercial.
A taxa de reciclagem de embalagens é de 15%.
O preço do material reciclável no estado de S.P. está entre R$130,00 e 350,00 a
tonelada de longa vida prensada e limpa, (Ago/08).
O material reciclado tem várias opções de utilização, dependendo do processo de
reciclagem, pelo processo de desagregação das fibras e separação das frações papel e
plástico+metal, as opções de aplicação são: papel (envelopes, papelão, papel higiênico,
entre outros), plástico+metal (cabides, réguas, entre outras peças injetadas e extrusadas); e
pelo processo de prensagem e fabricação de chapas, as opções de utilização são:
substituição de painéis utilizados na construção civil, fabricação de bancos, cadeiras, mesas,
entre outros.
Tempo de decomposição dos resíduos:
Material Tempo de decomposição
Jornal de 2 a 6 semanas
Embalagem de papel de 1 a 4 meses
Lata de alumínio de 100 a 500 anos
Plástico de 200 a 450 anos
Vidro indeterminado
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E o último processo do fluxo integrado dos resíduos sólidos é a
Consiste em uma das preocupações ambientais, pois mesmo com o tratamento dos resíduos
ainda tem os resíduos do resíduo (rejeito).
Existem sistemas de disposição final, como: descarga a céu aberto ou lixão, aterro controlado
(lixão controlado) e aterro sanitário que é a forma adequada de dispor os resíduos sólidos.
A situação, no Brasil, com relação à disposição final de RSU é preocupante, pois 76% dos
municípios dispõem seus resíduos na forma de lixão, que é uma forma inadequada, no qual estes
resíduos estão poluindo as águas, o solo e o ar, e conseqüentemente contaminando estes recursos
naturais com substâncias cumulativas, como os metais pesados.
A forma de disposição aterro controlado tem um percentual de 13% em todo país e a forma
de aterro sanitário tem 10% dos municípios, o restante 1% provavelmente estão sendo depositadas
em valas, encostas de rios, ribeirões e córregos, provocando também, poluição ambiental.
disposição final.
Referências Bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. 1987 (NBR 10.004). Resíduos
sólidos - Classificação. Rio de Janeiro, 63p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. 1993 (NBR 12.980). Coleta,
varrição e acondicionamento de resíduos sólidos urbanos - Terminologia. Rio de Janeiro, 6p.
CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem.
em 2008.
<(http://www.cempre.org.br)>. Acesso
GOMES, L.P.
urbanos em aterros sanitários.
Hidráulica e Saneamento) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo.
gerenciamento integrado
OLIVEIRA, S. de.
Botucatu - Caracterização física dos resíduos sólidos domésticos na cidade de Botucatu/SP.
Estudo da caracterização física e da biodegradabilidade dos resíduos sólidosSão Carlos, 1989. 166p. Dissertação (Mestrado emLixo Municipal: manual de. 2. ed. São Paulo: IPT/CEMPRE, 2000.Gestão dos resíduos sólidos urbanos na Microrregião Homogênea Serra de
Botucatu, 1997. 127p. Tese (Mestrado em Agronomia/Energia na Agricultura) - Faculdade de
Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista.
GLOSSÁRIO:
C
ontaminação
!
introdução, no meio, de elementos em concentrações nocivas à saúde
humana, tais como: organismos patogênicos, substâncias tóxicas ou radioativas.
C
ontaminante
!
todo e qualquer forma de matéria e/ou energia que, segundo suas
características, concentrações e tempo de permanência, possa causar ou venha a causar danos à
saúde, aos materiais, à fauna e à flora e seja prejudicial à segurança, ao uso e ao gozo da
propriedade, à economia e ao bem-estar da comunidade.
P
oluição ambiental
!
qualquer interferência prejudicial aos usos preponderantes das
águas, do solo e do ar, previamente estabelecidos.
Poluente
!
qualquer forma de matéria ou energia que interfira prejudicialmente aos usos
preponderantes das águas, dos solos e do ar.
Fonte
SEMA, 1988. 118p.
: BRASIL. Secretaria do Meio Ambiente. Glossário de engenharia ambiental. Brasília:

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